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Educação Musical


Esse espaço foi criado para compartilhar opiniões e discussões sobre música com o desejo de encontrar pessoas que, como eu, buscam novas idéias e novos caminhos para a educação musical.
Acredito que experiências compartilhadas são de extrema riqueza para o aperfeiçoamento de cada um de nós, como pessoas e como educadores, responsáveis pela formação de outras pessoas.
A música faz parte de minha vida há muitos anos...na verdade, acho que sempre fez, desde a minha infância! De repente, quase num piscar de olhos, passei de aluna a professora...talvez nem tenha sido uma escolha...acho que fui eu a escolhida! E, a partir desse momento, tornou-se minha profissão... definitivamente!
As experiências foram muitas e muito diferentes umas das outras, o que me fez pesquisar muito, sempre. Fui modificando e construindo o meu perfil...o que tenho hoje...como educadora musical e não mais como pianista ou professora de piano.
Saí das escolas especializadas de música e mergulhei na educação, de corpo e alma!
Há 11 anos trabalho com música em escolas regulares de ensino, com crianças de educação infantil e fundamental I. Travei muitas batalhas comigo mesma para encontrar um caminho que fosse coerente com o que eu pensava sobre o ensino de música para crianças. Deixei muitas certezas de lado...tive muitas angústias...busquei de várias formas "a música" que eu gostaria de ensinar. Não encontrei uma certeza absoluta e nem conquistei definitivamente um caminho. Mas acho que me despojei de "purismos" e de crenças elitistas a respeito da linguagem musical.
Hoje trabalho com projetos e parcerias com outros profissionais da escola. Faço parte de um grupo de estudos sobre educação musical onde buscamos fundamentos para nossas teorias numa busca incessante (e, eu diria, eterna!) de enriquecer nossa formação como educadores musicais.

22:22:00
de Lucia Figueiredo
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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

EDUCAÇÃO MUSICAL NAS ESCOLAS ... MAIS UMA MENTIRA!

A iniciativa de incluir a música no currículo da escola regular é um grande avanço para a área musical e reconhece a importância da música dentro da educação. Como educadora musical, trabalhando em escolas regulares há quase 13 anos com educação musical, acolho a iniciativa com alegria e preocupação, o que explicarei mais à frente.
Fazendo um breve retorno à história da música no Brasil, por volta de 1930, Heitor Villa-Lobos, convidado por Anísio Teixeira, implanta a música e o Canto Coral nas escolas. Em 1961, 30 anos depois, com sua morte, a música passa a ser matéria opcional nessas mesmas escolas. Dez anos depois, a música foi incluída na disciplina Educação Artística, junto com trabalhos manuais e desenho, sendo ensinada (?) aos alunos pelo professor formado nessa área ou pelo professor polivalente. Com o tempo e com a ineficiência do ensino da música pelo professor não habilitado para exercer a função, a música passou a ser considerada supérflua e desnecessária, sendo relegada a segundo plano dentro das escolas. Na área de Artes, prevaleceram sempre as Artes Plásticas em detrimento da Música. A música ficou relegada a um repertório de festinhas em datas comemorativas.
Atualmente existe um projeto de lei já aprovado que prevê a música como disciplina obrigatória nas escolas públicas, no ensino fundamental e médio. No entanto, o projeto também prevê que a música seja ministrada por professores sem formação musical.
Retomando o primeiro parágrafo, acolho a iniciativa com alegria e preocupação. Ao mesmo tempo em que há uma valorização da música, tornando-a inserida na escola, motivo da minha alegria, há também a sua desvalorização por considerar que o profissional sem formação musical possa ser responsável pelas aulas de música, motivo da minha preocupação.
Todos se lembram quando foi elaborado um documento chamado de “Referenciais Curriculares Nacionais”, os RCN’s (para a Educação Infantil) e os “Parâmetros Curriculares Nacionais”, os PCN’s (para o ensino Fundamental e Médio). Esses documentos incluem a área de música e a sua elaboração contou com a participação de educadores musicais importantes no cenário nacional. Ora, torna-se uma incoerência criar um documento nacional para nortear a Educação, em geral, e a Educação Musical, em particular e não contar com os profissionais especialistas na área para implantá-lo!
A minha alegria passa a ser pequena diante de tantos motivos para entristecer-me! É preocupante concluir que um profissional que não tem formação musical assumirá as aulas de música e será grande a chance da música continuar como está: repertório de datas comemorativas. Mas aí surge a minha maior preocupação: o surgimento dos livros didáticos e dos cursos para habilitar esse profissional para trabalhar com música!
O educador musical consciente sabe que nenhum livro didático e nenhum curso rápido habilitarão qualquer profissional que não seja da área para trabalhar efetivamente com música. Também sabe que deve defender a sua profissão e lutar para que exista o cargo de Professor de Música nas escolas, único profissional que poderá garantir um ensino musical de qualidade.
Será que podemos formar rapidamente um professor de matemática? De história? De geografia? De dança? De educação física? Será que um livro didático de matemática garante a qualidade do ensino para os alunos, usado por qualquer profissional, mesmo sem formação pedagógica na área? Sabemos que não! Por que, então, aceitamos o absurdo dos cursos e livros criados para esse fim?
A música é uma linguagem, com suas especificidades. Não podemos reduzi-la a meros exercícios de percepção sonora ou de confecção de instrumentos musicais. Seria o mesmo que reduzir o ensino da língua portuguesa ao aprendizado de regras ortográficas por alguém que sequer sabe ler!
Nós, educadores musicais, temos que lutar para que o ensino de música seja realmente inserido no currículo escolar, com qualidade, com conteúdo relevante e através do professor especialista. Não podemos aceitar que profissionais sem escrúpulos ou oportunistas usem esse momento para vender as suas idéias e seus produtos a despeito de uma ética profissional!
Se não há a possibilidade de ter o profissional adequado para ensinar música, que não se faça esse estardalhaço todo dizendo que a música voltou para as escolas! Não voltou e desse jeito, nunca voltará! Villa-Lobos, apesar de ter sido criticado por seu espírito nacionalista, foi o único que inseriu o ensino de música nas escolas.
O resto... foi só balela!

4 comentários:

João Carlos Figueiredo disse...

Lúcia, não apenas é verdadeira sua preocupação, como fui uma das vítimas dessa mentira chamada "educação musical", que nos meus tempos de infância e adolescência, era "ensinada" aos alunos da escola pública. E, naquela época, há mais de 45 anos, a Escola Pública era quem determinava a qualidade de ensino no Brasil.

Lembro-me que cantávamos os hinos nacionais, de forma enfadonha e empobrecedora, além de umas músicas apócrifas do repertório popular, como "Alecrim" e coisas tais, que mais faziam por denegrir o ensino musical do que estimular estudantes a compreender o universo musical.

Temo que, com a inserção da música no ensino fundamental e médio, sem o concurso de especialistas como você, com enorme bagagem cultural e musical, só fará por desacreditar os jovens da importância da música para nossas vidas. Talvez, por isso, haja tamanha proliferação de "música" de tão baixa qualidade, alimentando a vida desses jovens.

Música é fundamental para a vida do Ser Humano. Um ser que não sabe apreciar a música tem sua vida reduzida à metade, perde a sensibilidade, esmorece e murcha, como uma flor sem água. Os ritmos da própria Natureza já se identificam com a fluência musical. O "som das esferas", como dizia nosso pai, faz com que os astros mantenham a harmonia do Universo.

Que as autoridades despertem para a importância da música em todas as sociedades, desde as mais primitivas, às mais complexas e intelectualizadas. Mas nunca, sob nenhuma hipótese, releguem esse Saber aos leigos, aos despreparados, aos incultos musicalmente, sob pena de desperdiçar a oportunidade de transformar seres humanos em Seres Especiais, Sensíveis e Generosos.

A boa música nos enleva e nos torna melhores. A "música" medíocre nos rebaixa aos seres grosseiros e insensíveis. As marchas militares que o digam: com a força de seus ritmos, exércitos marcharam sobre pessoas, sem qualquer piedade, durante séculos, impondo a força e o poder dos ignorantes.

No entanto, a verdadeira música nos transporta para outros mundos, outras realidades, sem que para isso tenhamos que nos utilizar de artifícios químicos ou drogas de qualquer espécie. Que a Música sempre prevaleça sobre a face rude dos homens. Parabéns, Lúcia, pela sua dedicação à Música e à Vida!

Lucia Figueiredo disse...

Obrigada, Carlinhos!
Eu, realmente, não consigo assistir a alguns absurdos sem dizer nada! Afinal, há 23 anos atuo nessa área, estudando todos os dias, lendo tudo o que posso para manter-me atualizada e abastecida de informações importantes com relação à educação musical.

EM PAUTA - Produções e Eventos disse...

Estamos em um momento diferente do vivido pelos que tiveram no canto orfeonico ou nas aulas de solfejo a única oportunidade de conviver com a musica. Hoje temos DVDs, video aulas, internet, EAD, TV Escola, cursos à distancia espalhados por todo o Brasil para facilitar a apreensão dos conhecimentos necessários à prática pedagogica de qualquer disciplina. Eu disse qualquer mesmo!!
Tendo em vista que o ensino da música na escola regular não se presta a dotar os alunos de tecnica musical mas de ajuda-los a compreender o fenômeno sonoro e a enternder a musica como conhecimento históricamente construido, não vejo problemas em se ter professores sem formação específica ministrando aulas - pelo menos nesse momento emergencial e inicial.
Não podemos negar que a Música está de volta à educação do Brasil. Uma lei foi aprovada regulamentando isso. Vamos dar as costas à lei.
Precisamos sim nos organizar e garantir a formação, seja atraves de cursos técnicos, complementares, literatura dirigida, criação de sites educativos, programas de tv, video conferencias ou seja lá o que for para garantir que em cada escola de cada um dos 5 mil e tantos municipios de nosso pais tenha pelo menos um professor de música que, se não for academicamente formado, pelo menos saiba o que vai fazer para por seus alunos em contato com a música, com os signos musicais, com a forma e até com a performance musical.

Lucia Figueiredo disse...

Acho que a idéia de colocar um professor por escola, coordenando e orientando nesse momento, é viável sim e uma solução inteligente nesse momento. Quando eu digo que a educação musical nas escolas é uma mentira, refiro-me à situação de simplesmente deixar na mão de professores leigos uma responsabilidade que, acredito, não possam e nem mesmo queiram assumir. Todos sabemos que todas as vezes que se alardeou a volta da música pras escolas, isso nunca passou de apresentações em festas e datas comemorativas, com repertórios inclusive questionáveis.
Produções e Eventos (não sei o nome de quem escreveu o texto), temos que concordar que a situação é bastante preocupante!
Um abraço

Lúcia

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