Esse espaço foi criado para refletir sobre educação musical. Sua opinião é muito importante!!! Critique ... elogie ... repense ...

Educação Musical


Esse espaço foi criado para compartilhar opiniões e discussões sobre música com o desejo de encontrar pessoas que, como eu, buscam novas idéias e novos caminhos para a educação musical.
Acredito que experiências compartilhadas são de extrema riqueza para o aperfeiçoamento de cada um de nós, como pessoas e como educadores, responsáveis pela formação de outras pessoas.
A música faz parte de minha vida há muitos anos...na verdade, acho que sempre fez, desde a minha infância! De repente, quase num piscar de olhos, passei de aluna a professora...talvez nem tenha sido uma escolha...acho que fui eu a escolhida! E, a partir desse momento, tornou-se minha profissão... definitivamente!
As experiências foram muitas e muito diferentes umas das outras, o que me fez pesquisar muito, sempre. Fui modificando e construindo o meu perfil...o que tenho hoje...como educadora musical e não mais como pianista ou professora de piano.
Saí das escolas especializadas de música e mergulhei na educação, de corpo e alma!
Há 11 anos trabalho com música em escolas regulares de ensino, com crianças de educação infantil e fundamental I. Travei muitas batalhas comigo mesma para encontrar um caminho que fosse coerente com o que eu pensava sobre o ensino de música para crianças. Deixei muitas certezas de lado...tive muitas angústias...busquei de várias formas "a música" que eu gostaria de ensinar. Não encontrei uma certeza absoluta e nem conquistei definitivamente um caminho. Mas acho que me despojei de "purismos" e de crenças elitistas a respeito da linguagem musical.
Hoje trabalho com projetos e parcerias com outros profissionais da escola. Faço parte de um grupo de estudos sobre educação musical onde buscamos fundamentos para nossas teorias numa busca incessante (e, eu diria, eterna!) de enriquecer nossa formação como educadores musicais.

22:22:00
de Lucia Figueiredo
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sábado, 16 de julho de 2011

PARCERIAS E PROJETOS NA EDUCAÇÃO MUSICAL O profissional especialista e o professor polivalente

O profissional especializado quase sempre é um solitário dentro das escolas. O seu trabalho, por ser específico, é pouco compreendido e valorizado pela equipe docente. Assim acontece com a música, com a educação física, com as artes plásticas e visuais, com o circo, com o teatro. Só se compartilha o que está acontecendo quando tem uma exposição, uma apresentação, uma competição. De um lado, o professor especialista trabalhando sozinho, refletindo e agindo como se não fizesse parte de uma equipe; de outro lado, os outros professores, também deixando de incluí-lo como parte da equipe. Assim, profissionais que trabalham dentro de um mesmo espaço físico e educativo não interagem, deixando de compartilhar idéias e projetos que poderiam acrescentar muito à educação, de uma forma geral. Esse cenário, onde o professor especialista trabalha sozinho, é muito comum dentro das escolas regulares.
A música, mais que uma disciplina específica, pode transitar entre diversos conteúdos e, longe de deixar seus conteúdos específicos de lado, pode trabalhá-los dentro de contextos mais amplos, incluindo-se em alguns eixos trabalhados e sugeridos pelos RCN’s* e PCN’s**: linguagem oral e escrita, conhecimento de mundo, natureza e sociedade, para a educação infantil e meio ambiente, pluralidade cultural, língua portuguesa, para o ensino fundamental, só para citar alguns.
Durante muito tempo a música esteve fora do currículo escolar e agora, com seu possível retorno às escolas regulares, tem se discutido muito sobre como incluí-la realmente. O que muda no cenário da educação musical é o contexto onde esse ensino acontece e acontecerá e, tratando-se de escolas regulares e não de escolas especializadas em música, todo o conteúdo musical terá que ser repensado para que possa acontecer de forma interessante.
Em educação musical temos muitas vertentes na concepção do que seria “educar musicalmente” uma criança. Através de pesquisas e estudos, cada educador pode escolher aquela ou aquelas que mais se relacionam com o que pensa sobre uma educação musical de qualidade. De qualquer forma, o que não se pode esquecer é que essa educação estará acontecendo dentro de uma escola regular e isso faz toda a diferença. A escola especializada em música, por mais que tenha a preocupação de oferecer um ensino amplo, priorizando vivências musicais diversas, tem o compromisso de ensinar técnicas musicais específicas de algum instrumento musical. Também lida com um público diferenciado porque, se está lá, de alguma forma prioriza a educação musical e tem interesse em tocar algum instrumento musical, mesmo que isso, em longo prazo, não aconteça realmente. A educação musical na escola regular tem que fazer parte de um contexto educacional onde outras prioridades devem ser consideradas a priori. Na educação, de forma geral, temos que nos preocupar em formar o aluno integralmente, oferecendo a ele oportunidades diversas e interessantes. Assim, a música, longe de formar músicos, tem que priorizar as experiências musicais diversas, como ouvir, dançar, cantar, tocar, refletir, ampliar o repertório, brincar, entrar em contato com músicas brasileiras e de outras culturas. Dessa forma, estaremos garantindo ao aluno experiências ricas e, mesmo que ele queira tocar um instrumento, pode fazê-lo em outros momentos, em outros contextos e para isso estão indicadas as escolas especializadas, os grupos e oficinas musicais.
A partir dessas considerações, podemos observar a importância de lutar por um trabalho musical contextualizado, integrado às outras áreas, que possa fazer parte efetivamente do currículo escolar, deixando de ser repertório para festinhas e comemorações ou adorno para outros projetos dos quais não faz parte. A educação musical precisa ser tratada com importância e respeito dentro da educação e, se desta vez, não voltar ao currículo escolar de outra forma, mais uma vez será deixada de lado e continuará sendo tratada como supérflua.
O ambiente escolar oferece a oportunidade do trabalho em equipe, formada por profissionais de diversas áreas do conhecimento. Para que isso aconteça é preciso criar parcerias entre os profissionais da educação, com disponibilidade para aprender uma nova forma de trabalhar. Parceria é algo que todos os envolvidos precisam querer, não importando de quem seja o primeiro passo, mas sim que haja um primeiro passo.
O trabalho em parceria é um trabalho novo, imbuído de desejo de pesquisa e de busca de novas formas de lidar com o conhecimento. É saber que não existe nada pronto, que tudo está por aprender e todos os caminhos estão para trilhar; que todos podem aprender juntos, na mesma busca de conhecimento.
Criar uma parceria não é fácil e nem simples, mas quando isso acontece, realmente, pode ser muito bom. Não existem fórmulas e nem regras a seguir, mas o desejo e a necessidade de trabalhar junto com alguém, de partilhar alguma coisa, de não correr o risco de ter que pensar tudo sozinho. É saber que todo conhecimento tem muitos lados e pode ser visto por muitos olhares atentos, de vários ângulos, por vários prismas. É acreditar que juntos podemos fazer muito mais, alunos e professores, na busca incessante de enriquecer o nosso universo com fazeres e vivências boas.
A música é privilegiada porque pode permear todas as áreas do conhecimento, sem que para isso tenha que perder as suas especificidades. Com música podemos viajar por diversas épocas da história da humanidade, ressaltar a importância de preservar a natureza, conhecer poemas e cantá-los em canções só para citar alguns entre outros tantos assuntos e interesses escolares. Será um desperdício que se trabalhe com música isoladamente dentro de uma escola, espaço de tantos educadores com vontade de ensinar e aprender! Será um desperdício que continuemos a pensar a educação de forma tão engessada e tão distante de provocar o brilho nos olhos daqueles que aprendem e daqueles que ensinam!
A música não é a redentora do conhecimento, da boa escola ou do bom educador, mas, pode “olhar” para os conteúdos de forma diferenciada porque é arte e como arte transcende e transforma.
Assim, defendo as parcerias porque a união de educadores pensantes e reflexivos pode modificar a educação e modificando a educação podemos modificar a escola e os indivíduos que passam tanto tempo dentro dela, alunos e professores.
Trabalho em parceria há alguns anos, em escolas regulares, e só tenho tido ganhos com isso, tanto para a minha formação como educadora musical quanto para a formação dos meus alunos. Quanto aos outros educadores que trabalham ou trabalharam junto comigo, tenho certeza que muitos também se enriqueceram, especialmente aqueles que realmente se envolveram no trabalho.

* RCN's - Referenciais Curriculares Nacionais
**PCN's - Parâmetros Curriculares Nacionais

sábado, 29 de janeiro de 2011

A MÚSICA NAS ESCOLAS ... continuando ...

Apesar de não concordar com o "ensino" de música nas escolas pelos professores não especialistas, acredito que a música não deva ser considerada como propriedade de músicos ou de educadores musicais! Aliás, a música está em toda parte, o tempo todo, inclusive nas escolas.
A questão é sobre como fazer acontecer o ensino de música nas escolas de forma interessante.
Sabemos que não existem profissionais licenciados em música em número suficiente para suprir as vagas que poderiam existir para as escolas públicas. Sabemos, também, que o professor polivalente ou o professor de educação artística não têm formação específica em música e isso pode ser um entrave para o seu ensino.
Estamos num impasse! Como fazer acontecer, então, a educação musical nas escolas, inserida no currículo escolar?

Acho que a primeira atitude que nós, educadores musicais, devemos tomar é nos unirmos para refletir sobre a situação. Mas, para isso, precisamos reunir toda a população de profissionais que atuam na área musical: bacharelados, licenciados, com formação técnica e outros tantos ...

Observo que diante dessa situação, os profissionais que possuem um diploma de licenciatura em música estão tomando a frente de uma luta que se tornou partidária e excludente. Acho que essa atitude é, no mínimo, elitista e descontextualizada.

Ora, o Brasil é um país de várias culturas e de várias camadas sociais. Existem lugares onde nem mesmo a educação básica acontece. Como exigir que apenas profissionais altamente especializados assumam a educação musical nas escolas?

Acho que não vale, nesse momento, a política do "tudo ou nada" porque todos sairemos perdendo!
Devemos lutar pela inclusão do profissional de música nas escolas, todos aqueles que têm condições de trabalhar nessa área e não apenas os poucos que possuem um diploma universitário. Onde ficariam aqueles que fizeram ótimos cursos técnicos e que já atuam na área há muitos anos? Estaríamos invalidando cursos e escolas importantes, responsáveis pela formação de muitos músicos e professores de música em nosso país!

Acredito na luta pela educação musical, mas uma luta sobretudo humana onde a discriminação não tenha lugar. Acredito que, unidos, podemos conseguir reverter a situação porque, certamente, os profissionais de educação artística e os professores polivalentes devem estar em uma situação muito difícil e precisando de ajuda!


A música já está na escola e sempre esteve! A luta é pela educação musical de qualidade, que tenha como meta principal as vivências musicais!

sábado, 15 de janeiro de 2011

AS PROPRIEDADES DO SOM ... POR QUE PREOCUPAR-SE TANTO COM ELAS?

Ainda é muito difundida a idéia de que o trabalho de musicalização com crianças de educação infantil tem que ser apoiado nas propriedades do som. Encontramos esse conteúdo citado em programas de escolas especializadas em música e em escolas regulares e são muitos os educadores que ainda “treinam” os seus alunos acreditando que estão desenvolvendo neles habilidades muito importantes.
Musicalizar é proporcionar o contato com a linguagem musical de forma ampla, despertando a sensibilidade e a consciência para a existência de um universo sonoro rico e interessante. Musicalizando auxiliamos a criança na construção de seu conhecimento musical.
Em qualquer trabalho musical está implícito o trabalho com as propriedades do som já que são suas características inerentes e, portanto, inseparáveis do som. Não existe som que não tenha qualidades e não existem as qualidades separadas do som.
Quando escolhemos apresentar o universo sonoro-musical para as crianças, precisamos refletir sobre a imensa responsabilidade que temos em nosso trabalho. O início de qualquer coisa determina, muitas vezes, o caminho a seguir, ou seja, gostar ou não de música está ligado, muitas vezes, à forma como elas – a música e a criança – foram apresentadas. Se, ao apresentarmos a música à criança, tivermos em mente que isso tem que ser muito bom, ou seja, que as experiências precisam ser gratificantes, certamente estaremos no caminho certo. Mas só isso ainda não basta: temos que pensar também que as experiências têm que ser significativas, ou seja, elas precisam fazer sentido para a criança.
Quando penso em um trabalho de musicalização, penso em exploração sonora, pesquisas, criações, invenções, brincadeiras, canções ... entre outras tantas manifestações que a música nos oferece. Por que definir e classificar se ainda precisamos explorar? Por que limitar se podemos expandir? Por que especializar se podemos nos aventurar em um mundo tão rico de possibilidades?
Acho que as propriedades do som são menos importantes do que a pompa que o próprio nome nos traz. Parece que na ânsia de provar que temos coisas sérias a ensinar para as crianças, escolhemos assuntos técnicos demais. Ao explorar, interpretar, criar e apreciar estaremos, com certeza, nos deparando com o timbre, com a altura, com a intensidade e com a duração do som e, se isso acontecer dentro de um contexto, podemos apontá-las, por que não? Mas, se ficarmos presos a treinar os ouvidos para perceber se o som é grave ou agudo, se é forte ou fraco, se é longo ou curto empobreceremos muito o nosso trabalho.

Como diz Rubem Alves, tão sabiamente:
“Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música. Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes.”

Assim também deve ser com as propriedades do som! Primeiro é preciso ouvir, cantar, dançar, tocar, explorar, brincar com a música. Para as crianças devemos apresentar a música em sua simplicidade para depois, com o tempo, sentirem-se à vontade para saber mais!
Se conseguirmos despertar em nossos alunos a vontade de apreciar música, mesmo que não se tornem músicos, teremos feito um ótimo trabalho! Se as crianças conhecerem repertórios interessantes e variados, se gostarem de cantar, de brincar de roda, de dançar com os amigos, se tiverem interesse pelas tantas músicas que nos rodeiam durante toda a nossa vida, certamente serão amantes da música e certamente terão levado consigo uma sementinha que alguém plantou, lá na educação infantil quando, pela primeira vez, foram apresentados formalmente à linguagem musical. Formalmente porque antes, muito antes, já haviam sido acalentados com canções de ninar, já haviam brincado de serra serra no colo do pai ou da avó, já haviam se interessado por algum objeto que se parecesse com um tambor e, batucando, descoberto que podiam fazer um som e que isso era muito bom!

RECO-RECOS DE BAMBU

RECO-RECOS DE BAMBU

CHOCALHOS DE CABAÇAS

CHOCALHOS DE CABAÇAS

TAMBORES

TAMBORES